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CRÍTICA: Um Dia no Campo (1936) - Jean Renoir

  • Foto do escritor: Gabriel Zügel Zeidan
    Gabriel Zügel Zeidan
  • 17 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

De imediato, ao raciocinar sobre a experiência que obtive ao assistir a “Um Dia no Campo”, recordo-me de o quão fotogênicas são as imagens capturadas por Renoir, a maneira como o titular campo influencia diretamente nas emoções das personagens, não apenas em um âmbito narrativo, pois cada enquadramento captura esta atmosfera embasbacante. O filme, que foi gravado em 1936 – e lançado uma década depois – demonstra claramente que Jean Renoir estava prestes a atingir a experiência visual de seu Magnum Opus “A Regra do Jogo”, alcançando um grau consideravelmente alto de profundidade de campo.


Eu poderia, facilmente, retirar uma imagem congelada dos diversos planos perfeccionistas desta obra, emoldurá-los, e pendurar nas paredes de minha casa, tamanha a beleza pictórica que possuem. Este termo me parece apropriado para definir a magnitude desta obra. Cada plano é tratado como uma pintura, devido a uma combinação poderosa entre os enquadramentos imersivos de Renoir, e uma fotografia muito lúcida.



A beleza pictórica atmosférica.


É um dos grandes exemplos de como um roteiro não é a essência de uma obra, pois esta não possuiria o mesmo impacto sem o peso visual que Renoir impôs a mesma, principalmente se analisarmos esta premissa indubitavelmente trivial. É muito mais do que a história de uma família que vai ao campo, é sobre como a natureza influencia estas pessoas urbanas:


As maneiras como as árvores e as folhagens estão presentes enquanto Henriette brinca no balanço. A expressão de alegria no rosto da garota, enquanto todo o motivo deste sentimento a cerca e permanece sempre nos detalhes dos planos;


A cerejeira e o rio ao fundo, enquanto a família almoça. A simplicidade da relação deste grupo, que partilha de situações que talvez não saltariam aos olhos, se não fosse a excepcional composição de Renoir na cena, e tudo o que acarretou a ela;


O fluxo contínuo do rio enquanto os homens levam as mulheres para passear de canoa, a consciência das intenções masculinas, enquanto as visitantes estão contemplando a flora.



A composição que gera a ligação da natureza e do urbanismo.


Todos os momentos que citei atestam a poderosa influência visual nos sentidos humanos. A obra possui tamanha dependência de seus cenários, que sem os mesmos esta simplesmente não existiria, é uma representação intrinsecamente naturalista do mundo, pela perspectiva de um artista diretamente influenciado por um pai que fazia parte de um movimento que dependeu essencialmente da natureza.


Levando em conta esta influência, mesmo não sendo pertinente diretamente a crítica, não pude deixar de regozijar no pensamento de como Renoir utilizaria as cores em um filme com tal essência?

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